quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A maldição da República

Na outra encarnação, devo ter chutado um cachorro perto da rua da República. Desde 2007, persegui três pistas de produtos curiosos por lá. Só uma não era furada.

Durante as pesquisas para o livro, visitei a sorveteria Jóia. Segundo um encarte publicitário da cerveja Xingu, distribuído junto com a revista Veja e fotografado aí do lado, o sorvete de uva brilhava no escuro.

E lá fui eu, de copinho na mão, me fechar no banheiro. Nada acendia. Nenhuma luzinha deu o ar da graça. O atendente, perguntado sobre tal efeito, me olhou como se eu fosse maluca.

Conforme eu disse aqui, é lógico que fui atrás da cerveja de banana. Troço esquisito, pensei - e esse pensamento sempre me dá uma coceira danada. Antes de rumar à Cidade Baixa, decidi ligar para o pub Malvadeza, onde, sim, fazem cervejas artesanais. Mas de onde tiraram que alguma tem sabor de fruta?

Dessa vez, telefonando antes, eu é que fui menos banana.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Locadora de livros

Logo que cheguei a São Paulo, lá se vão seis anos, estranhei e comemorei o grande número de sebos no meu bairro. Não deu dois meses, e a lojinha da esquina aumentou meu contentamento: se transformou numa locadora de livros.

Para quem precisa chamar o livro de seu, o negócio não parece ter serventia. Mas foi uma mão na roda para eu ler autores que nunca tinha lido. Antes de investir no desconhecido, eu descia o elevador do prédio, andava duas casas e começava o test-drive.

Em Porto Alegre, nunca soube de serviço parecido. Até entrar na Livraria Porto, onde a Valéria e o Ricardo, vendedores da casa, me perguntaram: já conhece a Dona Leda?

Entre livros: Leda Oliveira (esquerda), dona da
locadora, e Solange Scalco, a fiel ajudante

Cinco dias depois, conversávamos no seu apartamento da avenida João Pessoa, onde a bibliotecária mantém cerca de 2.000 volumes para aluguel. Dividido por área de conhecimento – há literatura brasileira, estrangeira e infanto-juvenil; espiritismo, biografias, história e grande quantidade de best sellers atuais -, o acervo da Telelivro recebe novidades toda semana. A maioria, comprada por Leda. Algumas, provenientes de doações.

“Detesto aposentadoria”, disse Leda Ferreira de Oliveira, quando o INSS tentou aquietar sua faceirice. Na impossibilidade de vender semi-jóias (“ia ficar com tudo pra mim”) e de tocar piano (poderia atrapalhar os vizinhos na madrugada), ela decidiu continuar fazendo o que sabia.



No acervo controlado por
computador, a presença (ôba!)
de "Os Endereços Curiosos de Porto Alegre"

Por 5 reais, qualquer pessoa loca o livro durante 15 dias. E como o número de clientes assíduos pode ser contado nas mãos, Leda não vive disso. Ou, melhor, não se sustenta. Aos 82 anos, a porto-alegrense distribui olás pelo bairro e se alimenta de longas conversas com seus leitores, todos transformados em amigos. De que forma você acha que ela conheceu Solange Scalco, sua fiel ajudante das quartas-feiras?

Antes da primeira locação, é preciso ligar, dizer quem indicou o serviço e informar o próprio telefone – previdente que é, Leda retorna a chamada antes de revelar o endereço. Localizado o esconderijo, reserve algum tempo para a visita. Apesar de não ter mais do que dez metros quadrados, a biblioteca oferece chá e bolachinhas.

TELELIVRO
não divulga o endereço
(51) 3227.5759 e 9965.5759
leda.f.oliveira@terra.com.br
com hora marcada

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Tênis com fotos: coloque o ser amado aos seus pés

Lugar de foto, pra mim, é no porta-retrato. Nada interfere no enquadramento. E a cena segue sendo protagonista.

Talvez por isso, eu não seja grande fã de objetos com fotos, barbada de encontrar na Maison Laffitte. Já tinha estado lá na época do livro, por causa do baralho personalizado. A oferta de produtos estampando a carinha tão linda do tchutchuco da mamãe deve ter triplicado.


A vitrine dá uma boa idéia das possibilidades. No final da semana passada, exibia bolsas, mouse-pad, relógio, apoios de copo, rótulos de vinho, chinelos, almofada e (que susto) gravata. Lógico que imaginei o sujeito com paixonite aguda, vestindo cueca e tênis da bem amada.

Para quem se habilita, basta entregar a imagem digital ou em cópia papel, por e-mail ou na loja. De cano alto ou básico, o All Star exibe até sete fotos diferentes, e é mais garantido do que mãe de santo. Em poucos dias, com nota fiscal e tudo, seu amor estará completamente aos seus pés.

ARTES GRÁFICAS MAISON LAFFITTE
Av. João Wallig, 1800, lj. 1275, Chácara das Pedras (Shopping Iguatemi)
(51) 3334.5322 e 3334.5577
laffitteiguatemi@via-rs.net
www.maisonlaffitte.com.br
segunda a sábado, 10h às 22h

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Paulera

Um mês fora de casa. Uma semana sem conseguir escrever. 2009 começou de verdade.

Para me redimir, segue a listinha dos produtos e serviços que conheci agora, em Porto Alegre. Não inclui o conserto de máquinas de escrever, o tomate pitanga, o espremedor de pasta de dentes e a internet para fumantes, temas dos posts anteriores.

  • Locadora de livros
  • Personal Dancer
  • Brechó infantil
  • Restauração de geladeiras retrô
  • Tênis com fotos personalizadas
  • Tingimento personalizado e retirada de manchas
  • Pão e salsicha para Panchos

Em breve, tudo aqui, neste mesmo bat-canal.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Paz no banheiro: espremedor de pasta de dentes

O jeito de apertar a pasta de dente, dizem, é razão comum para os casais brigarem. Mas se depender da Kos Acrílicos, acaba-se o desentendimento. Hoje à tarde, ao comprar o presente de casamento de uma amiga querida, me deparei com o espremedor de bisnagas Squeezer.



Da linha como é que eu não pensei nisso antes?, o produto é muito simples. Nada mais do que dois cilindros iguais, cada um com 7,8 centímetros de comprimento, unidos por atilhos super-resistentes. No espaço entre um e outro, você passa a base do tubo. Na medida em que a pasta gasta (também vale pomada, cosmético e tinta), é só ir puxando para cima.

E se o marido ou a mulher reclamarem até desta novidade, apele para a economia. Além de custar 3 reais, o Squeezer evita desperdícios.

BRICKELL
Av. João Wallig, 1800, lj. 1248, Shopping Iguatemi (Chácara das Pedras)
(51) 3328.5565
brickell@brickell.com.br
www.brickell.com.br

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Paulinho, Jacque e o tomate pitanga

O que seria de mim sem a Internet? Só com ela, lá de São Paulo, consigo acompanhar a função porto-alegrense. O que me interessa, anoto no bat-caderninho para visitar. Foi o que fiz depois de ler um post da Fernanda Zaffari, com quem já troquei uma ou outra figurinha de profissão.

Quase caí pra trás quando vi que o Paulinho Cobal, citado no meu livro por vender flores comestíveis, estava casado com a Jacque Biginski Nunes, a ceramista criativa que teve atelier na Dinarte Ribeiro e decorou meu casamento.

Na quinta-feira passada, cinco horas da tarde, visitei a nova quitanda da dupla. O que era um garajão virou uma loja cheia de bossa. Numa carroça de verdade, para a alegria fru-fru de quem recém fez as unhas, encontrei pistache descascado. As flores comestíveis, delicadíssimas, ficam guardadas no freezer.


Agora, frutas, verduras, arroz, feijão, temperos, legumes e adjacentes convivem com peças exclusivas de cerâmica. Pena que acabou a bateria da máquina bem na hora de fotografar uma penosa esculpida simpaticíssima, tatuada com a frase “sou muito galinha”.

Além de ver a Jacque, comprei uma novidade. E antes de contá-la por aqui, apostei na enquete caseira: você conhece tomate pitanga?

Nenhum dos sete participantes da pesquisa, tampouco a empregada da minha sogra, conhecia o vegetal que tem três ou quatro produtores no Estado. Fatiado, lembra um trevo graúdo. Segundo Paulinho, a safra vai até o final de fevereiro.


Depois da foto sofrível aí de cima, tracei o dito cujo com sal e azeite. Se o tamanho é de tomate gaúcho, o gosto está mais para tomate comum. Mas que fica lindo numa salada, fica.

PAULINHO COBAL
R. Quintino Bocaiúva, 180, Moinhos de Vento
(51) 3337.5574
seg. a sáb. 8h às 21h

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Onde consertar máquinas de escrever

Nunca fiz coleções, mas tenho duas. A primeira, herdei da minha avó, que juntou calendários de bolso até o dia de sua partida. A outra se formou involuntariamente. No depósito lá de casa, guardo três máquinas de escrever que representam a evolução do objeto no século passado. Tem a antigona de teclas redondas e bordas douradas, a portátil bege dos anos 70 e aquela que foi meu melhor presente de formatura – algum dia devo ter beijado minha Praxis 20.

Pelo carinho que o objeto me inspira, adorei seguir a dica do jornalista Célio Romais. Na última sexta-feira, conheci a oficina de Ebanêz Flores, um dos últimos (se não o último) consertadores de máquinas de escrever de Porto Alegre.

Antes que você pergunte, eu respondo: sim, Ebanêz continua tendo clientes. A cada mês, busca e entrega cerca de 12 máquinas mecânicas, elétricas ou eletrônicas, em residências, órgãos públicos e escritórios de advocacia – já pensou o que é ter duas horas para encaminhar um documento ao juiz, faltar luz e ver, desesperado, que a tela do computador apagou? Quase todas seguem na labuta. Apenas 10%, apesar de ficarem nos trinques, servem apenas para decorar.

Plena função: Cipriano Neto Vargas,
mais conhecido como Jorge, é o único
técnico da casa atualmente

Nada, lógico, se compara ao tempo em que a casa mantinha 17 funcionários e contratos com a Assembléia Legislativa, o Correio do Povo e a Zero Hora. Nos porões do principal jornal gaúcho, por 26 anos, funcionou sua segunda oficina, pronta para resolver perrengues datilográficos urgentes.

Ebanêz e as máquinas mecânicas

“Já que todo mundo está fechando, eu fico”, disse o filho de São Pedro do Sul, quando a concorrência começou a jogar a toalha. Na pequena loja da rua Espírito Santo, ele também comercializa fitas e margaridas, compra e vende máquinas usadas.

E pra quem tem uma calculadora de rolo, a dica de conserto e comércio continua valendo. No rol de clientes de Ebanêz, há um homem que guarda oito exemplares do objeto quase obsoleto, só porque acha bonito.

EBANÊZ FLORES TÉCNICA SULINA
Rua Espírito Santo, 394, Centro
(51) 3221.5378
seg. a sex. 8h30 às 11h30 e 13h30 às 18h

sábado, 10 de janeiro de 2009

Hora de seguir as pistas

Quando estou em Porto Alegre, fico com vários corações. Um quer fazer entrevistas; outro, conversar com amigos. O terceiro pena por não ter tempo de escrever.

Tenho internet desde quinta e não deixei nenhum post. Em contrapartida, hoje é sábado, dia em que nunca apareço. O primeiro verão do Salada Pronta bagunçou geral.

Pra ninguém pensar que minha curiosidade diminuiu, adianto: já visitei um dos últimos consertadores de máquinas de escrever da cidade, conheci um brechó infantil de primeira, experimentei Tomate Pitanga e conversei com um personal dancer.

Na próxima semana, sigo em terras gaúchas, enchendo meu caderninho de novas histórias e comprovando que endereços curiosos são como os antigos guias telefônicos: a cada ano, a lista precisa ser reeditada.

À noite, menos no dia em que for conferir a existência da estranhíssima cerveja de banana, conto tudo aqui.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Internet para fumantes

Bem que eu gostei de passar dez dias num morro catarinense, privada de internet e celular. Só uma vez pretendi encontrar uma lan house, mas a família me demoveu da idéia. Sem enfrentar o périplo que tanta gente enfrentou, saí ontem do estado vizinho, chegando em Porto Alegre com tudo inteiro - inclusive a paciência.

Na hipótese da NET não me trair, depois de amanhã terei Internet à vontade. É o que preciso para voltar ao blog diariamente.
Enquanto isso, desconfiando que não seja novidade, divido a descoberta que acabo de fazer no shopping Iguatemi. O computador de quem vos escreve pertence à livraria Roma, que tem um espaço ultra-civilizado.



Não faço apologia ao cigarro. Só acho injusta a perseguição que fazem aos fumantes. Se o governo ganha rios de dinheiro com os impostos tabagistas, deveria haver mais lugares com este, onde o pobre coitado pode tomar café, dar suas tragadas e, maravilha, acessar a web. Por meia hora de navegação, ar-condicionado furioso e igualdade de direitos, paga-se dois reais.



ROMA LIVROS E REVISTAS
Av. João Wallig, 1800, lj. 149, Shopping Iguatemi (também no shopping Praia de Belas)
(51) 3387.1414
romalivros@gmail.com
todos os dias, 10h às 22h (domingo, até 21h)