terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Aquecimento global

Quando eu digo que o calor de Porto Alegre vem de baixo, o paulistano duvida. Nunca viu a umidade criando ondas turvas sobre o asfalto.

Cheguei domingo à terrinha. Na divisa com Santa Catarina, tive a sensação de que ligaram o forno comigo dentro. Trinta e seis graus na be-érre. Outros tantos no encontro com a família e os amigos. É gente que colabora para o meu aquecimento global.

Me despedirei de 2008 na praia e já sinto saudades. Sabe-se lá se outro ano me trará a felicidade de publicar um livro, inventar um blog e conhecer gente tão bacana. No dia cinco eu volto, com caneta, papel e mouse na mão. Essa mania de procurar o que desconheço não me abandona.

Dingobel a todos vocês. E que o ano novo, para todos nós, seja novo de verdade. Avida passa mais devagar quando a gente exercita o diferente.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A fantástica fábrica da Escribà

Quarta-feira está aí. Tenho poucos dias para mostrar um presente de Natal que trouxe de Barcelona. Depois da terceira visita à Escribà, parei de namorar o anel aí de baixo e decidi: ele vai para a mão da minha prima, Naninha. Ninguém vibra tanto com a criatividade alheia.


Como foram tiradas por mim, as fotos acima não são grande coisa. Dentro da embalagem de joalheria, o que parece pedra é caramelo. Pena que os modelos a seguir (um deles acende!) não estavam na vitrine.


Eu ficaria por aqui se não tivesse, ontem à noite, me embrenhado pelo site da confeitaria centenária. Apesar de algumas imagens demorarem a carregar, as páginas te levam para um mundo de fantasia.


Além dos Candy Glam Rings, a família Escribá cria esculturas inacreditáveis de chocolate. O urso Pooh, por exemplo, tem 1,5 metro de altura. A saia da manequim foi feita com pirulitos de merengue, marzipan e caramelo. Tudo que você vê é comestível.


Quando tiver um tempinho, navegue por lá para conhecer os chocolates personalizados. Dá para encomendar o CD do seu ídolo, postais que podem ser despachados pelo correio e uma maleta cheia de dólares. No lugar da imagem de George Washington, aparecerá a foto que o cliente escolher – Michael Jackson, Bruce Springsteen, Frank Sinatra e os Rolling Stones, por sinal, comeram as próprias notas.

E os doces servem, ainda, para cobrir paredes inteiras.


Se você viu a primeira versão do filme, me diga: lembra ou não lembra aquela cena da Fantástica Fábrica de Chocolates?

ESCRIBÀ
Rambla de les Flors, 83 (La Rambla), Barcelona
(00xx34) 93.3016027
rambla@escriba.es
http://www.escriba.es/

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O afinador de pianos

Jamais desconfiei que o interior de um piano dava pistas da sua história. Pura ignorância minha, remediada quando visitei a casa-oficina de Pedro Bichels. Abrindo a tampa do instrumento, a gente encontra assinaturas dos afinadores que passaram por aquelas teclas. Ao lado de cada nome, consta a data da regulagem.



“Pego pianos que meu avô afinou, às vezes no mesmo dia, cinqüenta anos atrás”, me disse Adriano Bichels, herdeiro do ofício que está na família desde o início do século passado. Assim como o pai, ele atravessa o Rio Grande do Sul com seu arsenal discreto. Munido de diapasão, chaves de pressão e varetas para isolar as cordas, aproxima o ouvido do som. Ouve apenas o que quer. E coloca todas as notas no lugar.

Enquanto morava em Porto Alegre, passei pelo local muitas vezes. Nada diz que ali, numa residência, há mais pianos do que móveis. Boa parte das peças chega para restauração. Outro tanto integra o acervo alugado por shopping centers, hospitais, escolas e aprendizes. Zelosos que são, os Bichels não fazem locação para bares: “as pessoas bebem, fumam, deixam [o piano] aberto e cai cinza, copo, tudo”.

Mesmo que você só saiba dedilhar o dó-ré-mi, visite o site da empresa e leia, ouvindo música clássica, a história do dia em que Pedro foi chamado para resolver o mistério do piano fantasma – por que, ó céus, as teclas tocavam sozinhas, ao redor da meia-noite? Sem esperar pelas doze badaladas, o afinador deu a receita certeira: coloque ratoeiras ao lado.

PEDRO BICHELS PIANOS
Rua Passo da Pátria, 342, Bela Vista
(51) 3332.3240 e 9122.7957
com hora marcada

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Post sem vergonha

O ofício que escolhi parece coerente. Sempre senti prazer em divulgar o que merece. Na família ou entre amigos, desato a contar do livro que me encantou, de lugares bacanas que descobri e do valor de alguém que se sustenta, por exemplo, fazendo sapatos para a Barbie.

Falar de mim são outros quinhentos. Algumas vezes, larguei no blog matérias que saíram sobre o livro. Invariavelmente, uma pulga se instalava na minha orelha, cochichando: será que não fica chato?

De novo, esmaguei a pulga na unha e fiquei sem vergonha.

Para ouvir o que a Inês de Castro falou sobre o Salada Pronta e o Dois Palitos na Bandnews FM, clique aqui.


foto:divulgação Panda Books

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Não, os cones paulistanos não têm data pra chegar



Recebi hoje à tarde a ligação do Davi Moreno, diretor comercial da Cônicos, única franquia de pizzas em cone no Brasil. Não há nada certo sobre a abertura da primeira loja da marca em Porto Alegre.

“A grande dificuldade é achar o ponto”, me disse ele. A Cônicos opera apenas em shopping centers e, no Rio Grande do Sul, “é difícil haver troca de loja nas praças de alimentação”.


Então, é isso. Se e quando as delícias aí do lado aportarem na capital dos pampas, eu saberei. Tomara que se repita o serviço paulistano, incluindo tele-entrega e montagem dos pseudo-cornettos em festas. Viva a concorrência entre produtos curiosos.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Yes, nós temos pizza em cone

A primeira e única vez que comi pizza-cone foi em Xangri-lá. No meu habitual papo com proprietários, ouvi que não havia nada parecido no Estado. Só não incluí no livro porque ficava fora da Grande Porto Alegre.

Comprovando o que eu disse em algumas entrevistas, há muito mais para descobrir na cidade. Hoje, por exemplo, conversei com José Dioni Bado, dono da Don Bado, que faz as tais pizzas com jeitão de cornetto no Strip Center Zona Sul.



São 18 sabores diferentes para você almoçar ou jantar – como cada cone equivale quase a uma pizza média, só os adolescentes podem encará-lo como lanchinho. Os mais vendidos não fogem à regra das pizzarias tradicionais: quatro queijos e calabresa. Entre os doces, reina absoluto o Morango com Chocolate. Se você preferir, dá pra levar pra casa.

Segundo notas publicadas pela Bete Duarte e pelo Affonso Ritter no meio de 2008, a Cônicos, franquia paulista do mesmo produto, abriria uma loja em Porto Alegre. Assim que o departamento comercial da empresa me responder (adivinhe a razão deste post tão noturno), eu conto se teremos, ou não, as redondas enroladas com outro sotaque.

DON BADO PIZZAS & PASTÉIS
Av. Wenceslau Escobar, 2770, loja 5 (Zona Sul Strip Center), Tristeza
(51) 3062.2221
segunda a sábado, 9h às 21h
www.bemservido.com.br/donbado

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Chocolator Tabajara

Vejam só o que é a indústria chinesa – ou seria Tabajara? Na Holanda, fotografei a Chocolator, calculadora com forma, embalagem e cheiro de chocolate. Feita de silicone, funciona à bateria solar.



Hoje, surpresa: investigando a Imaginarium, descobri que o mesmo produto pode ser comprado no Brasil. As únicas diferenças estão na grafia do nome (trocamos “o” por “u”), no design gráfico do invólucro, na marca e no preço. Se não me falha a memória, em terra Européias, a pseudo-delícia custa 19 euros – cerca de 60 reais. Aqui, sai por R$ 89.



IMAGINARIUM
Rua João Wallig, 1800, loja 279, térreo, Shopping Iguatemi (também no Shopping Praia de Belas) (51) 3334.1800
www.imaginarium.com.br

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Puxando a sardinha

Foi o Fischer, sem saber, quem colocou a sardinha do meu lado. O dia está corrido. A tarde já rompeu a faixa de chegada.

Não sei se peço desculpas por não escrever ou se me justifico aderindo ao slow blogging. Maiores explicações no blog do professor, no Blue Bus e no New York Times.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Pagando bem, até a careca vem

Não entendo de futebol. Só ouço a narração repetitiva porque passo pela TV da sala no domingo. Mas ontem, escutando a Band News, fiz que sim com a cabeça para as palavras do Milton Neves: a marca Ronaldo no Corinthians é uma estratégia de marketing fenomenal. Lembrei na hora da foto que tirei numa farmácia da Gare Montparnasse, em Paris.



Os cachos do Ronaldo têm que ficar intactos até o fim do seu contrato com o laboratório que fabrica o Crescina R5. Por toda a Europa, avalizam o produto que promete estimular o crescimento dos cabelos em bulbos que, como o jogador, já estão com jeito de aposentados.

O que continua crescendo, tenho certeza, é a sua conta bancária. Alguém sabia que o Ronaldo era careca?

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Uma curiosa em Amsterdam

Só a Jac, o Artur e o Ricardo responderam à minha pergunta: devo ou não devo comentar o que encontrei nos meus 17 dias de velho mundo? Todos os demais leitores, que não devem ser tantos, ficaram calados. Talvez porque discordem, possivelmente porque acham que não vale a pena tecer comentários. Pelo sim, pelo não, me sinto na obrigação de honrar a quem atendeu meu apelo.

Antes de deixar Amsterdam, eu e o Fernando demos mais um passeio pelo centro. A loja que nos interessava, cheia de traquitanas com design, só abria depois do meio-dia. E fomos fazer hora no Mercado das Flores, um tanto decepcionante - a gente nem nota que flutua. Apesar do cultivo indiscriminado da maconha ser proibido, uma banca vendia sementes de marijuana enlatadas.



Passados os vinte minutos necessários, a tal loja tinha aberto suas portas. Foi onde adquiri alguns presentinhos de Natal. Para o Jonas, que mora sozinho há pouco tempo, compõe e cozinha, compramos um paliteiro Vodoo e fôrmas de gelo em forma de guitarra. O grande barato é que o braço dos instrumentos, feito de plástico, serve de mexedor.











Quase tudo que chamou atenção minha atenção é da marca Fred, reunião de cinco designers americanos. Não fosse a alta cotação do Euro, também teríamos arrematado a tatuagem de mão para anotar pequenas listas de supermercado (acompanha uma caneta com tinta atóxica) e outras fôrmas para gelo, desta vez na versão caveira.








No site da marca, você encontra outros objetos para tornar sua casa, sua cozinha, suas festas e seu dia-a-dia muito mais divertidos. A maioria pode ser comprada via Amazon, onde o preço só parece menor. Com as taxas de importação e de transporte até o Brasil, fica mais caro do que eu paguei. E a gente não tem aquela sensação ímpar de futricar nas prateleiras, repetindo de dois em dois minutos: “o-lha-só-is-so!”.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Tempo é luxo

Já reclamei de não trabalhar fora. Até que me dei conta: fazer o próprio horário, levar os filhos à escola e decidir quando será domingo é sonho de consumo hoje em dia. O tempo se transformou no luxo da atualidade, me disse a Valéria Portella, depois de me dar uma dica de presente.



Por sugestão da minha amiga, comprei A Sombra do Vento, publicado pela Suma de Letras. Dane-se quem fizer cara feira para sua condição de best seller. O enredo de Carlos Ruiz Zafón é tão viciante quanto uma caixa de Bis branco, que eu não consigo abandonar antes de ter terminado.

Em plena segunda-feira, indulgenciada pelo final de semana trabalhoso, me permiti passar a tarde devorando os penúltimos capítulos da história detetivesca. Quem tem a paciência de ler esse blog, quero quer, não me condenará por isso.

Amanhã, depois da última página, eu volto para nossas curiosidades. O que me deixa mais curiosa, neste início de semana luxuoso, é o nome do rosto queimado que insiste em acabar com todos os exemplares escritos por Julián Carax, o herói maldito do romance.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Livro do bebê para cães

Na falta de um filho, muita gente adota cachorro. Compra roupas, faz festa de aniversário e pode anotar suas peripécias numa edição criada especificamente para este fim. Foi inventado em Porto Alegre o primeiro livro do bebê para cães do Brasil.


Com 160 páginas e capa dura, o Diário do Meu Cão tem tudo que têm os livros dos humanos. Nas primeiras páginas, você cola a foto do totó e preenche seus dados. Logo em seguida, registra a impressão digital e coloca as imagens dos pais biológicos – será que algum dono enciumado vai substituí-las pela própria 3 X 4?


E nem a árvore genealógica, vejam só, fica de fora.



Estranhezas à parte (também dá para registrar os brinquedos preferidos, o primeiro dente que caiu, o passeio inaugural e outras estréias do bicho), boa parte da edição se dedica à saúde. Em tabelas ilustradas, fica fácil anotar banhos, tosas, alimentos, peso, vacinas e administração de vermífugos. Quem tem fêmea pode controlar os cios, as gestações e os partos.

Assinado por Vera Souto, dona da Artha Editora, e pela veterinária Rosane Colares, a agenda também traz informações sobre a vida canina e mostra como comparar a idade do animal com a do homem – esqueça a mítica multiplicação por sete.

Só faltou um lugar para guardar os pêlos do totó, o que se resolve com alguma criatividade. Quando marcar o primeiro corte, leve um envelope, coloque uma mecha dentro e cole nas páginas reservadas para anotações.

ARTHA EDITORA
Não divulga o endereço
(51) 3061.4370
artha@arthaeditora.com.br

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Sugestão para o Natal: literatura na caixa de fósforos

Já sei o que vou dar de Natal para meus amigos não-secretos. Quem tem a sina de gostar de mim, traduzirá meu afeto em cinqüenta minicontos, cada um com até cinqüenta letras, todos reunidos numa caixa de fósforos.

Ontem pela manhã, nem eu imaginava tal presente. A decisão veio depois, na minha ronda diária por blogs bem bons, quando li sobre o Dois Palitos. O livro que Samir Mesquita concebeu, escreveu, produziu e distribui sem nenhuma editora está, sim, à venda em Porto Alegre.

Para saber mais, bastaria ler as matérias que a Folha de São Paulo, a Bravo, a Eldorado e a própria Zero Hora, entre outros veículos da grande imprensa, já fizeram sobre o assunto. Mas curioso, feito São Tomé, precisa ver de perto.

Às três da tarde, Samir identificado por um pacote idêntico ao da Fiat Lux, eu pela bolsa vermelha, nos encontramos num café da Faria Lima. Os cabelos arrepiados da foto são do moço que nasceu em Curitiba (PR), cresceu em Alfaena (MG) e calhou de trabalhar em São Paulo, mais precisamente na agência África, onde ganha dinheiro para sua invejável independência literária.


Duas horas depois, no caminho para casa, meu filho amainava a aridez do engarrafamento em voz alta:

“Devia até as calças. Pagou tudo e arrumou um bico como stripper.”

“Choveu canivete. Ninguém sobreviveu para contar”.

“ Rio 40 graus. 10% do corpo coberto mexiam com 100% do meu.”

Entre no site do Samir, risque um fósforo virtual e saboreie, antes que a chama se apague, esses e outros microcontos que ele renova mensalmente: “é bônus track para quem tem o livro e aperitivo para quem não leu”. Se as palavras viciarem, também dá para assinar o twitter e recebê-las no celular.

Nada, entretanto, substitui a experiência da caixa de fósforos. No ônibus, ao pegar a embalagem, uma leitora ouviu do passageiro ao lado: aqui não pode fumar. Já no sítio, o assador só não brigou com o dono do livro porque gostou dos textos, mas ficou sem fogo para fazer o churrasco. Eu mesma me enganei na hora de acender o cigarro.

Na Livraria da Vila, em São Paulo, o Dois Palitos ficou dois meses na prateleira dos mais vendidos – e só mudou de lugar porque se transformou no mais roubado. Na capital gaúcha, só há duas maneiras de comprar a preciosidade: indo à Letras & Cia ou escrevendo para o autor, que providencia a entrega pelo correio. Em ambos os casos, o preço também é micro (10 reais). Mas o impacto do presente, aposto, será inversamente proporcional.

LETRAS & CIA
Av. Osvaldo Aranha, 444, Bom Fim
(51) 3028-9954
segunda a sexta, 10 às 20h; sábado, 10 às 15h

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Hoje, só amanhã

Trinta e seis minutos de quinta-feira. Ontem ficou sendo hoje. Não consegui escrever. Faltou tempo para traduzir uma caixa de fósforos.
Amanhã, que ainda será hoje, você vai me entender.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Bom humor contra a Aids

Aids não é brincadeira. Sexo pode ser divertido. Na semana do Dia Mundial de Combate à Aids, como ninguém respondeu minha pergunta de ontem, resolvi mostrar um produto que descobri durante a minha viagem e que promete proteção e risadas. Mais risadas do que proteção, eu diria. Embaixo das cápsulas, o fabricante das inacreditáveis camisinhas avisa: elas não são contraceptivas.



O porco, o tubarão e o que imagino ser um alienígena (nem me atrevi a pedir a descrição exata em holandês) foram os únicos produtos que arrematei na When Nature Calls Smartshop, onde você também encontra cogumelos, ervas, energizantes e produtos à base de maconha, em frente a um dos tantos canais de Amsterdam. Depois que o site da loja estiver nos trinques, sobrará pouca coisa lícita para nós, brasileiros, comprarmos online.



O destino das gracinhas? Vou dar de presente para o meu enteado. Mesmo sendo superinformado, ele vive a incandescência dos 19 anos. Mais do que a campanha de 2008 contra a Aids (pela primeira vez focada em homens acima dos 50 anos, como mostra o vídeo a seguir), o bom humor dos bichinhos pode lembrá-lo de carregar camisinhas comuns. Apesar de não terem nenhuma graça, elas, sim, evitam a doença que já roubou do câncer o título de mal do século.



WHEN NATURE CALLS SMARTSHOP
Keizersgracht 508, esquina com Leidsestraat
Amsterdam (Holanda)
www.whennaturecalls.nl

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Depende de vocês

Hoje eu posso dizer que voltei. Meu avião aterrissou no sábado, mas nada como uma segunda-feira com notas do filho na escola, contas para pagar e o trânsito paulistano pra fazer a gente cair na real. De qualquer maneira, a realidade faz bem. Só ela me mostra do que sou (ou não) capaz.

Pensei e repensei: escrevo ou não escrevo sobre o que vi em Barcelona, Amsterdam e Paris? Para neófitos como eu, tudo é diferente. Algumas coisas, entretanto, não lembro de ter visto nem na web.

Na Catalunha, adianto que estive em uma loja fantástica. A caminho do MACBA – Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, passei pela frente da The Air Shop. Tudo que eles vendem é inflável. De porta-retratos a espelhos. De luminárias a quadros. Fiquei besta com os vestidos cheios de ar.

Em Amsterdam, imagino, sexo e drogas devem até ter semana de liquidação. Entre baseados e cogumelos, sex shops e vitrines expondo mulheres, encontrei um lugar com traquitanas supercuriosas, bem pra quem gosta de design. Tenho comigo a imagem de tatuagens para anotar lembretes na palma da mão.

Tudo virá com fotos e detalhes para o Salada Pronta, dependendo só de vocês. Diga aí, por favor: devo ou não falar de outras cidades num blog que, afinal, trata de Porto Alegre?

domingo, 30 de novembro de 2008

Truques que meu cérebro se nega a aprender

Sabe aquele truque de usar os ossos dos dedos para lembrar os meses que têm 30 ou 31 dias? Não adianta pra mim. Nunca sei se começo pelo côncavo ou pelo convexo. A prova está no post aí embaixo.

Cheguei ontem de férias, amanhã volto ao blog decentemente e só agora me dei conta da data marcada para o meu retorno: 31 de novembro. Tenham dó deste cérebro que, vai saber por que, também trava para a regra de três.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eu vou. Mas volto.

Eu disse aqui que iria viajar. Já dizia antes de engravidar do meu primeiro filho e das minhas prioridades se voltarem, nesta ordem, para gugus-dadás, pokemons, vídeo-games, gugus-dadás de novo, qualquer coisa cor-de-rosa e futebol.

Amanhã, o sangue Aragón vai gritar. Embarco com o Fernando para a terra de onde, ao que parece, saiu meu bisavô. Para dobrar todas as esquinas, levo sapatos baixos. Para descansar de um livro e dez meses sem férias, peço desculpas: não sei se poderei escrever.

Já estou com saudades do Pedro. Já sinto a falta da Catarina. Desconfio que não conseguirei ausentar-me do blog por completo.

No dia 31, com certeza, estarei de volta. Se eu tivesse um playlist agora, a primeira música seria -- como sempre foi -- esta aí de baixo.


terça-feira, 11 de novembro de 2008

Noite de cinema: alugando uma limousine

O que você faria com uma limousine? Chegaria triunfante a uma festa, tal qual artista de cinema na noite do Oscar? Chamaria os amigos, fecharia as janelas e desfrutaria de uma festa particular ambulante? Seja qual for o uso, o automóvel pode ser alugado na Madrugasul.

Fabricado nos Estados Unidos, o modelo Lincoln Classic 95 não é dos mais modernos, mas ostenta sete metros de comprimento, DVD, CD, duas pequenas geladeiras, espelhos e teto solar.


Atrás, os bancos de couro acolhem seis pessoas. Na frente, separados pelo clássico vidro que abre e fecha, vão mais dois passageiros e o motorista vestido a caráter – pode esperar pela luva e pelo quepe.

Como nos filmes, o carro é preto e tem acabamento interno de madeira. O aluguel pode ser feito por hora ou por dia. Vai uma noite de ricaço aí?

MADRUGASUL
Avenida Ceará, 600, São Geraldo
(51) 3343.8777
alexandre@madrugasul.com.br

domingo, 9 de novembro de 2008

Para falar com as mãos

Já tive uma colega surda-muda. Queria porque queria aprender sua mímica. Me agoniava não entender suas perguntas. Percebia suas angústias e nunca sabia o que fazer. Foi quando resolvi treinar o alfabeto em Libras – Língua Brasileira dos Sinais. Pena que não adiantou muito.

Como dá para ver no vídeo aí de baixo, é quase outro idioma. Para cada expressão (vale espiar o dicionário que encontrei na web), há um gesto. Ou você acha que as mãos falariam tão rápido se ficassem soletrando?



Em Porto Alegre, você pode aprender esses e muitos outros sinais na sede regional da Feneis – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. O curso básico, que serve apenas para a comunicação, dura 180 horas. O avançado prepara tradutores-intérpretes e dura mais 400 horas, incluindo expressão corporal e ética.

Como os professores são surdos, o aluno é obrigado a praticar. Se não, para quem fala, pode ser mais complicado do que qualquer língua audível. Quer comprovar? Então saiba que o alfabeto dos surdos varia de país para país, até naqueles que falam o mesmo idioma. Compare os sinais do Brasil e de Portugal e veja a diferença.



FENEIS - Regional RS
Rua Dona Laura, 1020, sala 111, Mont´Serrat
(51) 3321.4244
feneisrs@terra.com.br
www.fenis.org.br

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Os menores livros do mundo

Sorte de quem pode terminar seu dia na Feira do Livro. Como estou prestes a viajar (na semana que vem eu explico melhor), não posso estar aí para respirar cultura perto do porto. O que - bendita tecnologia, viva os amigos - não me impede de saber o que anda acontecendo na Praça da Alfândega.

Se você já foi até lá, vai entender por que preciso falar sobre a barraca 2 do setor internacional, que fica entre a rua Siqueira Campos e a avenida Mauá. Com sede no Peru, a editora Os menores livros do mundo é um prato cheio pra turma do tenho-que-ver-o-que-é-isso.


Todos, absolutamente todos os 300 títulos vendidos no local são mínimos. Cinqüenta e três deles foram editados em português, dividindo-se em oito categorias: amor, auto-ajuda, clássicos, crianças, exotéricos, pensamento vivo, religião e, na linha funcional, os livros-chaveiro. O preço médio é de 15 reais.

Tem Dom Casmurro, A Escrava Isaura, A Santa Bíblia Ilustrada (!), Dom Quixote e histórias infantis, apenas para citar alguns exemplos. Tanto O Pequeno Príncipe, de 427 páginas, quanto o Kama Sutra, campeões de venda até agora, não passam de 5 X 6 centímetros.

Achou diminutos? Então foque bem o olhar e procure pela coleção Te amo, formada por três volumes. Cada um deles traz 30 poemas de vários autores, tem 120 páginas e, pasmem!, 1,5 centímetro de altura. É mais ou menos o tamanho de uma unha. Só não dá pra perder porque inclui a estante.


Elias Avilio, representante da editora no Brasil, garante que ninguém precisa de lupa para ler as obras publicadas na íntegra, encadernadas em capa dura e com lombada em alto relevo. Depois da feira, a única maneira de comprar os mini-livros será por encomenda. Pelo que se sabe, nenhuma livraria da cidade oferece o catálogo. Ou será que a gente é que não está enxergando direito?

fotos: Rômulo Valente (1,2 e 3) e divulgação (4)

OS MENORES LIVROS DO MUNDO
54ª Feira do Livro de Porto Alegre
Setor Internacional, barraca 2
Praça da Alfândega, Centro
(19) 9210.2682
até 16 de novembro, das 13h às 21h

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Batalha pelo almoço: vegetal X animal

Até meus 12 anos, ir ao Winge era programa de sábado. Depois que a mãe se foi, nunca mais compramos mudas. Nosso jardim com rosas brancas ficou aos cuidados do Seu Pedro, que jurava de pés juntos: “o certo, Cláudia, é LAR-GA-ti-xa”.

Sempre soube, portanto, que voltar àquela rua do bairro Tristeza seria viajar no tempo. Ao tempo em que os desenhos animados mostravam plantas carnívoras gigantes e a gente, comendo pão com chimia, acreditava na ameaça.

Quando Janete Sorgetz, que trabalha no Winge, me mostrou a Dionéia, o filme da minha vida fez forward em segundos e me vi com um mísero vasinho na mão. Comprei para o meu filho e nem ele, apesar das folhas dentadas, achou nada de mais. Como não agüenta o frio, a pobre morreu em poucas semanas. O vídeo que segue mostra um exemplar da espécie na hora do almoço.



Dentro da estufa, fui apresentada à Nepenthes. Engano meu acreditar que seus jarros verdes eram inofensivos. Até aquele dia, os funcionários da casa só viram insetos caírem lá dentro, mas o Youtube mostra uma vítima bem mais rechonchuda.



Para ter uma dessas comilonas em casa, é só passar lá no Winge . Nenhum dedo de criança corre risco. E não, não dá para ouvir nhac!.

WINGE GARDEN CENTER
Rua Dr. Mário Totta, 963, Tristeza
(51) 3268.4880
winge@terra.com.br

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Não-autógrafos

Estou devendo uma satisfação para vocês. Eu disse aqui que tinham me convidado para ir à Feira do Livro, mas não vai rolar. Peço desculpas às duas leitoras que esperavam me ver por aí.

Em compensação, há grandes chances de eu voltar a Porto Alegre para um evento bem bacana. Só acho prudente receber a confirmação antes de contar. Seguro, aquele que morreu de velho, era muito menos impulsivo do que sou.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Não é nada do que você está pensando

Tire as crianças do computador. Diga para os pudicos darem uma volta. Não tenho como postar sobre o jogo de cartas que pouquíssima gente conhece sem escrever um palavrão. Mesmo que a ortografia seja antiguinha e troque o “f” por “ph”.

Até onde eu sei, em Porto Alegre, só um grupo domina o Phoda-c. Ou, melhor, uma família. Distribuídos principalmente entre a capital e Santa Maria, os Gaiger criaram até um scoresheet para organizar a jogatina – a versão “ferre-se” só existe porque uma das integrantes do clã foi jogar num clube chiquetoso, mas vamos combinar que não tem metade da graça.


“Morávamos nos Estados Unidos, em 1984, quando meu filho, que estudava em Piracicaba, levou o jogo pra lá”, me contou Clóvis Silveira, casado com Therezinha Gaiger Silveira. É ela quem aparece aí embaixo como campeã nacional de 1997, sem que nunca tenha havido tal competição. Tanto o título quanto a planilha de pontuação foram inventados por um amigo americano do casal.


Sobre a origem do jogo, nem o filho de Clóvis sabe falar. “É uma variação do King, que é uma variação do Bridge”, acredita Fernando, atualmente morando em Brasília.

Se não fosse improdutivo, eu descreveria as regras por aqui. Para não faltar com a informação, adianto que:

a) O jogo funciona na base da aposta.
b) Mais importante do que ter cartas vencedoras, é cumprir a promessa.
c) O número total de apostas nunca pode ser igual ao número de rodadas. Em outras palavras: alguém, necessariamente, vai se dar mal.

Entendeu porque o jogo se chama Phoda-c?

Já tinha ouvido falar sobre ele?

Conhece outro jogo incomum? Se a resposta for sim, conte pra nós, por favor.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pinto no lixo

Foi a Cássia Zanon quem me avisou. O Luís Augusto Fischer, autor do Dicionário de Porto-Alegrês, do Dicionário de Palavras & Expressões Estrangeiras e do Machado & Borges, entre outros títulos bacanas (não é a toa que ele é finalista do prêmio Fato Literário), elogiou meu humilde livro no seu blog.


Já tinha acabado de escrever este post quando o querido Rommel Simões, amigo de priscas eras, completou: o Fischer também falou do assunto no rádio, hoje à tarde, ao ser entrevistado pelo Ruy Carlos Ostermann. Se você tiver paciência de abrir o link, aviso que o programa é longo e que o assunto rola no finalzinho.

Desculpem se banco a exibida, mas acho que nossa troca diária permite. Para vocês, posso confessar: tô mais feliz do que pinto no lixo.