segunda-feira, 29 de junho de 2009

Restauração e venda de portas antigas

Durante as pesquisas para Os Endereços Curiosos de Porto Alegre, eu pedia um favor aos entrevistados: se você mudar, me informe o paradeiro. Mas ninguém, obviamente, tem obrigação de lembrar desta repórter. É por isso que preciso ficar sempre de butuca e, de vez em quando, localizar agulhas que trocaram de palheiro.

Foi o que fiz com a Naftalina, loja que funcionou durante 12 anos na Benjamin Constant, vendendo um sem-fim de objetos improváveis – o dono, Carlos Sautchuck, já vendeu até gaiola de grilos, usada para aplacar o silêncio no deserto.


Agora, além de estar em outro lugar, a Naftalina trabalha apenas com portas antigas. Perto das produzidas hoje em dia, elas são verdadeiras fortalezas. E como dá pra ver nas fotos, feitas de madeira maciça.





Dentro da marcenaria, é possível encontrar, por exemplo, portas nos estilos art déco, colonial e neoclássico. Algumas foram abertas pela primeira vez no século XIX. Dando muita sorte, o cliente arremata modelos de duas folhas e mais de três metros de vão, com a imponência típica das grandes fazendas.

Para encontrar tais relíquias, Carlos mantém olheiros espalhados pela América do Sul, buscando aberturas de valor histórico e estético: “ Por ser uma cidade portuária, Porto Alegre tem muita coisa, mas a maioria dos prédios está tombada”.

MARCENARIA NAFTALINA
R. Dona Margarida, 1120, Navegantes
(51) 3343.3409

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Enxergando com outros olhos: lanchonete com cardápio em braille

Quiçá chegue o dia em que este post não seja curioso. Até lá, fico feliz de encontrar um fast food acessível para cegos. Na última terça-feira, fui conferir o cardápio em braille do Pastel com Borda.



Infelizmente, não consegui levar comigo alguém que soubesse ler o código. Mas a atendente garantiu: tem tudo que está escrito no cardápio comum. Nas 19 páginas pontilhadas, além de 34 tipos de sopa, várias saladas, sobremesas e petiscos, há 49 sabores de pastel, incluindo o The Vents – já estava na hora de alguém capitalizar a velha ofensa e oferecer o legítimo pastel de vento, sem nenhum recheio.



Mesmo que não esteja com fome, vale visitar o local e colocar-se no lugar de quem não enxerga. Sem nunca ter estudado o alfabeto básico aí de baixo, fechei os olhos, passei os dedos pelas páginas e (lógico) não entendi nada.

Eu sei que o Saramago escreveu metaforicamente sobre o tema e que o livro já virou filme, mas imagine se você dependesse da boa vontade alheia pra entender qualquer escrito?


PASTEL COM BORDA
R. Fernandes Vieira, 454, Bom Fim (e mais um endereço)
(51) 3779.9999

terça-feira, 23 de junho de 2009

Mais um post açucarado: docinhos de crochet

O que acontece se você juntar o crochet primoroso da vovó com a estética moderna dos animes japoneses? É só dar uma olhada no trabalho de Tatiane Artioli, criadora da marca Sugardrop.




Numa pesquisa informal – incluindo amigas antenadas e páginas da Internet – não encontrei nada parecido com as tortinhas, biscoitos, donnuts e demais guloseimas que a paulistana de 21 anos tece sozinha em São Leopoldo, onde veio morar há seis meses, depois de casar. Batizada de crochet gourmet, a coleção ainda inclui xícaras de chá, maçãs cortadas e sorvete de casquinha.


As cores podem ser escolhidas pelo cliente e os pedidos só podem ser feitos por e-mail. Em compensação, seguem para qualquer parte do Brasil, através dos Correios - único lugar onde a moça, antes de se dedicar exclusivamente às agulhas, já se empregou.

Para saber o preço e a quantidade mínima das peças, visite o blog da Sugradrop. No Flickr, de tom levemente confessional, também dá pra ver um pouco do processo de criação. É ou não é a lembrancinha de chá de panela mais diferente que você já viu?

SUGARDROP
não publica o endereço

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Xô, açúcar: confeitaria dietética

A não ser cachorro-quente, poucos salgados me tentam. Já dos doces, sou fã confessa. O que seria de mim se eu fosse diabética?

Achei a resposta na confeitaria Diet House, bem perto do shopping Iguatemi. Lá você encontra dezenas de receitas que diabéticos e candidatos a magros, na maioria das festas, ficam só admirando. É o caso da sobremesa Rei Alberto, da torta Marta Rocha e dos branquinhos, cujo leite condensado é feito por Marli do Carmo Pemp Pereira, a proprietária.



Fui ao local hoje pra tirar fotos. Em prol da reportagem e embalada pela gula, experimentei a mini-torta de maçã. E quase levei pra casa a Sedução, que aparece aí embaixo. Se ontem não tivesse feito o aniversário da minha filha, também carregaria a Nêga Maluca e dois doces de encher os olhos: leite condensado com morango e Gelado (imita a torta de bolacha).



Pra quem achou pouco, a maioria das tortas tem versões maiores. Se for presentear o abstêmio, a dica são as cestas de diferentes tamanhos, com produtos a escolha do cliente – que tal colocar bolinhos de laranja e de maçã, biscoitos de ervas e de goiabada?


No cardápio extenso, ainda há vários salgados que, na cozinha tradicional, sempre levam uma pitada de doçura. E se você quiser montar uma festa infantil sem nada de açúcar, a confeitaria consegue. Só não vale exagerar na dose, alegando que nada engorda. Apesar de terem metade das calorias, os quitutes não fazem milagre.

DIET HOUSE
Av. João Wallig, 851, lj. 101, Passo D´Areia
3325.0983
contato@confeitariadiet.com.br
www.confeitariadiet.blogspot.com
segunda a sexta, 9h30 às 18h; sábados, 9h30 às 16h.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Literatura no engarrafamento

Só sente uma cidade quem mora nela. Nos últimos seis anos, apesar de visitar sempre Porto Alegre, não percebi no acelerador o que tanto comentavam: “o trânsito aqui está brabo”.

Pensando nos engarrafamentos que, pelo jeito, estarão pra sempre no meu caminho, lembrei do 18:30. É o segundo livro do Samir Mesquita, que fez o maior sucesso com Dois Palitos – lembra dos micro-contos embalados em caixas de fósforos? O lançamento foi no final de abril, numa esquina lotada de São Paulo, mas soube que tem pra vender na Bamboletras, na Sapere Aude! e na Letras & Cia.



À moda Samiriana, não há nada parecido nas livrarias. No lugar de páginas, a edição traz o mapa de um cruzamento atravancado. De cada carro, sai uma história diferente:

“Se Deus assistia a tudo lá de cima, agora ele tinha dado um PAUSE.”

“PHD. VIP. CEO. Tudo que queria ali era ser o motoboy.”

“ Processava o chefe por assédio. Mas era nele que pensava com a mão no câmbio.”


Clica lá pra espiar a obra e conseguir um exemplar sem colocar a mão na carteira. Investindo na própria formação literária, Samir fez uma lista de livros que gostaria de ter em sua biblioteca. Escolha um dos títulos, mande para o autor e receba, em troca, o 18:30 na sua casa.


18:30
samir@samirmesquita.com.br
www.samirmesquita.com.br

SAPERE AUDE! LIVROS
R. Lopo Gonçalves, 33, lojas 1 e 2, Cidade Baixa
(51) 3221.0203
www.sapereaudelivros.com.br


LETRAS & CIA
Av. Osvaldo Aranha, 444, Bom Fim
(51) 3028.9954
www.letrasecia.com.br

BAMBOLETRAS
R. Gen. Lima e Silva, 776, lj. 03, Cidade Baixa
(51) 3227.9930
livraria@bamboletras.com.br

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Curso de locução

Sempre gostei do rádio. Como ouvinte e na faculdade. Sem o apelo da imagem, a voz ganha mistério e palavras bem ditas atraem mais. Vai me dizer que você nunca imaginou como seria pessoalmente aquele locutor?

Unindo prazer e profissão, decidi fazer o curso de locução da Feplam. A primeira aula foi quarta-feira e o professor garantiu: todos saem falando melhor. Pra quem também tem uma queda (ôps) pelo microfone, aí vai o texto publicado no “Os Endereços Curiosos de Porto Alegre”:

Na época em que o rádio era a principal atração da sala, seus locutores eram idolatrados. Espichando o ouvido para a caixa de som, mocinhas casadoiras sonhavam com o rosto desconhecido que impostava aquele vozeirão. Hoje, a profissão não tem o mesmo glamour, mas segue mexendo com o imaginário das pessoas. Para ser uma estrela das ondas sonoras, apresentador de TV ou anunciar ofertas em supermercado, o curso é o mesmo. E pode ser feito na FEPLAM – Fundação Educacional e Cultural Padre Landell de Moura. Habilitada pelo Ministério do Trabalho, a escola só exige que o aluno tenha o ensino médio completo. Segundo Marise de Almeida Ramos, nem voz esganiçada é impedimento. “Tem rádio para todos os gostos”, diz a diretora da casa, comentando o caso de um gago que “se tratou com fonoaudióloga, voltou e venceu”. Com uma aula por semana e duração de quatro meses, o curso concede diploma em nível técnico. Além de trabalhar respiração e leitura, ocupa um estúdio profissional que lembra o charme dos anos 50. Para quem tem o timbre de Cid Moreira, fica o alerta de Marise: “às vezes me ligam com uma voz bonita, mas isso não significa falar bem”.

FEPLAM
Avenida Ipiranga, 3501, Partenon
(51) 3219.9309
feplam@ig.com.br
segunda a sexta, 8h às 20h; sábado, 8h às 16h

terça-feira, 9 de junho de 2009

Só no bem bom: tele-entrega de lenha

Porto Alegre me recebeu com ares de infância. De quando eu dormia de uniforme, pra não esfriar o corpo de manhã. A diferença é que, agora, sou a feliz locatária de uma lareira. Nunca bebi tanto vinho. Jamais estive tão defumada.

Atenta à manutenção do fogaréu, encontrei uma das únicas (parece que tem outra na zona sul) tele-entregas de lenha da cidade. Por telefone ou pelo site, você encomenda eucalipto, toras de acácia, nó de pinho e gravetos. Se o pedido acontecer até às 18h, a entrega é feita no mesmo dia, na região que fica entre o Centro, Menino Deus, Jardim Botânico, Lindóia e Navegantes.

Aroldo, o entregador, e a caminhonete de tele-entrega


Funcionando desde 2008, o serviço foi idéia do casal Rafael Nunes e Suzana Santos, dono do sítio Paraíso Tobruk, que já fornecia lenha para pizzarias, padarias e condomínios. Quase tudo é produzido lá mesmo, num esquema de reflorestamento, mantendo 25% da mata nativa preservada.

Segundo o prorietário, como a venda é direta, o preço é "de 9% a 15% menor do que nos supermercados". A única condição é pedir no mínimo três sacos de lenha – cada um custa R$ 8,00. Mas o que eu gostei mesmo foi da campanha pró-reciclagem: se o cliente devolver dez embalagens usadas, leva um item de graça.

LENHA EM CASA
não publica o endereço
(51) 3331.2525 e 9996.9997
vendas@lenhaemcasa.com.br
www.lenhaemcasa.com.br
todos os dias, das 8h às 22h (pedidos) e das 16h às 22h (entregas)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Assessoria para forasteiros

Depois de seis anos fora, estou reaprendendo as rotinas da cidade. Imagino, então, pelo que passa um paquistanês, chegando de mala, cuia e prole em Porto Alegre. Onde morar? Em que escola matricular os filhos? Como conseguir uma empregada que se comunique com a família? Para estas e outras perguntas, a Visitors Assistants tem a resposta.


Comandada por Sandra Bacaltchuk, a assessoria providencia tudo que é necessário para os forasteiros se estabelecerem na capital gaúcha. Bem antes da partida, o viajante recebe fotos de imóveis para alugar, dicas sobre o que trazer na bagagem e orientações sobre nossa cultura. Na chegada, além da moradia, encontra um verdadeiro ombro amigo.

Ex-professora de inglês e esposa de médico renomado, Sandra providencia documentos e funciona como uma espécie de conselheira diplomática. Suas dicas vão de passeios para o final de semana à necessidade de pesar as frutas no supermercado. “As maiores crises de adaptação são dos que vêm de países próximos”, conta. “Coreanos e chineses estão preparados para serem diferentes”.

No rol de forasteiros que começou a atender em 1987, a empresa mantém, por exemplo, australianos, irlandeses, bolivianos, cingapurenses e croatas. “As pessoas se adaptam bem aqui”, mas como era de se esperar, “ficam fragilizadas”. Desde o final do ano passado, com a malfadada crise mundial, cresceu o número de clientes que vêm de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e do interior do estado. Em qualquer caso, Sandra só descansa quando os neo-portoalegrenses se sentem seguros: “o sucesso é quando eles caminham com as próprias pernas”.

VISITORS ASSISTANTS
não publica o endereço
9122.4396
www.visitors.com.br
visitorsassist@terra.com.br
seg. a sex. 9h/20h.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Saudades da minha conexão

De que me adianta twitter e bluetooth? Se para ter um telefonezinho grudado na parede, tou quase rezando para Santo Expedito? Escrevo de casa alheia, onde a educação me manda ser breve.
Enquanto isso, parada na sinaleira, já encontrei locadora de carros dos anos 50 e restaurante com cardápio em braile - é ou não é civilizadíssimo?